Ufa, voltei! Abandonei vocês por quase 1 mês... No dia 25 de outubro recebemos visitas especiais, os pais do Érico. Nossa atenção ficou 100% voltada para eles, afinal já fazia bem uns 9 meses que não nos víamos. Abandonei temporariamente o blog, mas não abandonei as atividades gourmands. Levamos meus sogros para uma pequena voltinha pela Itália e aproveitei esse giro para recolher informações culinárias sobre as cidades e regiões pelas quais passamos. Delícias e mais delícias! Acho até que dei uma "embalonada" pois queria provar de tudo. Almoço, jantar, café... sempre saindo dos lugares rolando! Passamos pela Umbria, Toscana, Vêneto e Marche. Cada uma dessas regiões possui ingredientes típicos e variações exclusivas da típica pasta italiana. Parece engraçado, mas a Itália com apenas 301.302km² (um pouco maior que o estado do Rio Grande do Sul - 281.750km² ) possui variações de costumes, alimentação, sotaque e língua que se equiparam e até mesmo, em alguns casos, superam as variações existentes no 8.514.876km² do Brasil. Essa grande variação, inclusive entre cidades de uma mesma região, é explicada pela história da Itália. Até a metade do século 19, a Itália era dividida em reinos e ducados sob o controle da Igreja, da Austria e da Casa de Savóia. Foi somente em 1861 que a Itália foi reconhecida como um estado unitário (Reino da Itália). Entretanto, todas as atuais regiões da República Italiana foram unificadas somente depois da Primeira Guerra Mundial. Ainda assim, o país possui duas regiões internas independentes: o Vaticano e San Marino. Bom, dá pra perceber porque a Itália tem tantos lugares diferentes. Vou falar um pouquinho de cada uma das regiões pelas quais passamos nas próximas postagens. As coisas aqui em casa estão ainda em organização, mas vou tentar intercalar receitas com o Giro d'Italia. Não percam as próximas postagens... Tartufo branco e negro, chocolate, presunto de Norcia, Tortellini, Tortelli, Nero di Sepia, Brodetto, Torrone, Brigidini, Bacci di Assisi, Prosecco, Chianti, Bistecca alla Fiorentina... E, muito mais!
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sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Giro d'Italia
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Adriana Invitti
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sexta-feira, 16 de julho de 2010
Piadina Romagnola
O calor continua absolutamente insuportável. O forno continua sendo evitado, portanto nossa companheira de jantar, a pizza, teve de ser eliminada do cardápio. A substituta: a piadina!
A piadina (piada ou piadone) faz parte de uma família de pães feitos com cereais moídos misturados com água e cozidos sem fermento sobre formas de barro (também telhas), superfícies de pedra ou placas de metal. Os pães semelhantes à piadina são bastante abundantes nas áreas mediterrâneas (Sardenha, Tunísia, Israel, Líbano, Grécia, Turquia, etc.) sem muita distinção entre as culturas indo-européias, semitas ou da África negra. A maioria dos pães desta família surgiu em um período histórico anterior ao conhecimento dos processos de fermentação (o levedo de cerveja foi descoberto para levitação do pão no Egito entre 3000 e 2500 a.C.). Entretanto, isso não significa que a piadina seja de origem Neolítica.
O poeta Giovanni Pascoli, que escreveu o poema-receita "Pane rude di Roma", comparava a piadina à mensa romana, citada no canto VII da Eneida. A mensa é uma focaccia de cereais que era utilizada como prato pelos patrícios romanos e depois de impregnada com o sabor da carne e oferecida aos servos. A piadina por muitos é considerada como a herdeira legítima da mensa. Entretanto, não existe um registro histórico que comprove a relação entre a piadina e a mensa. O primeiro registro histórico de um alimento chamado"piada" data do século XIV. Encontra-se no Descriptio Romandiole, recenseamento feito com fins fiscais, em 1371, pelo cardeal Anglic Grimoard de Grisac, irmão do Papa Urbano V. Nos séculos que se seguiram, poucos foram os registros da piadina.
A piadina começou a destacar-se na mesa dos romangnolos no século XIX, junto com a expansão massiva da utilização do milho na Itália. Diversos censos desta época demonstram que a farinha de milho era o alimento principal na dieta dos agricultores italianos. Notadamente os romagnolos não possuem muita simpatia pela polenta e, sendo a farinha de milho de difícil panificação, passaram a fazer piadinas com esta farinha; como uma tortilla. Surgem também as piadinas com mesclas de farinha, de acordo com a colheita. Em algumas ocasiões festivas, principalmente no Carnaval, podia apresentar-se na forma "enriquecida", contendo banha de porco, açúcar e/ou ovos. E, em diferentes apresentações: folhada, doce ou frita. A piadina como é conhecida hoje surge no período pós-guerra. Extingue-se quase que completamente a versão com farinha de milho, tanto no campo quanto na cidade. Torna-se elemento da gastronomia romagnola, inclusive com IGP (indicazione geografica protetta). Vale lembrar que diversos produtos famosos (e deliciosos) são provenientes da Emilia-Romagna, como: Aceto Balsamico di Modena, Prosciutto di Parma, Grana Padano, Parmiggiano Regiano, entre outros. Isso sem falar das massas, afinal, a capital da Emilia-Romagna é nada menos do que Bologna. Será que lembra alguma coisa?
A piadina (piada ou piadone) faz parte de uma família de pães feitos com cereais moídos misturados com água e cozidos sem fermento sobre formas de barro (também telhas), superfícies de pedra ou placas de metal. Os pães semelhantes à piadina são bastante abundantes nas áreas mediterrâneas (Sardenha, Tunísia, Israel, Líbano, Grécia, Turquia, etc.) sem muita distinção entre as culturas indo-européias, semitas ou da África negra. A maioria dos pães desta família surgiu em um período histórico anterior ao conhecimento dos processos de fermentação (o levedo de cerveja foi descoberto para levitação do pão no Egito entre 3000 e 2500 a.C.). Entretanto, isso não significa que a piadina seja de origem Neolítica.
O poeta Giovanni Pascoli, que escreveu o poema-receita "Pane rude di Roma", comparava a piadina à mensa romana, citada no canto VII da Eneida. A mensa é uma focaccia de cereais que era utilizada como prato pelos patrícios romanos e depois de impregnada com o sabor da carne e oferecida aos servos. A piadina por muitos é considerada como a herdeira legítima da mensa. Entretanto, não existe um registro histórico que comprove a relação entre a piadina e a mensa. O primeiro registro histórico de um alimento chamado"piada" data do século XIV. Encontra-se no Descriptio Romandiole, recenseamento feito com fins fiscais, em 1371, pelo cardeal Anglic Grimoard de Grisac, irmão do Papa Urbano V. Nos séculos que se seguiram, poucos foram os registros da piadina.
A piadina começou a destacar-se na mesa dos romangnolos no século XIX, junto com a expansão massiva da utilização do milho na Itália. Diversos censos desta época demonstram que a farinha de milho era o alimento principal na dieta dos agricultores italianos. Notadamente os romagnolos não possuem muita simpatia pela polenta e, sendo a farinha de milho de difícil panificação, passaram a fazer piadinas com esta farinha; como uma tortilla. Surgem também as piadinas com mesclas de farinha, de acordo com a colheita. Em algumas ocasiões festivas, principalmente no Carnaval, podia apresentar-se na forma "enriquecida", contendo banha de porco, açúcar e/ou ovos. E, em diferentes apresentações: folhada, doce ou frita. A piadina como é conhecida hoje surge no período pós-guerra. Extingue-se quase que completamente a versão com farinha de milho, tanto no campo quanto na cidade. Torna-se elemento da gastronomia romagnola, inclusive com IGP (indicazione geografica protetta). Vale lembrar que diversos produtos famosos (e deliciosos) são provenientes da Emilia-Romagna, como: Aceto Balsamico di Modena, Prosciutto di Parma, Grana Padano, Parmiggiano Regiano, entre outros. Isso sem falar das massas, afinal, a capital da Emilia-Romagna é nada menos do que Bologna. Será que lembra alguma coisa?
" La j'è bona in tot i mud, la j'è bona énca scundida: se' n'avé ancora capì, a scor propri dla pida." (Dito popular em língua romagnola).
"É boa de todo o jeito, mesmo que sem condimento: se não entendeu ainda, falo é da piadina" (tradução livre)
No Brasil, existe um produto muito semlhante à piadina: a pizza de frigideira. Esta é preparada com os mesmo ingredientes que a piadina IGP. A pizza de frigideira é aquela de pacotinho que, no mercado, está perto das massas prontas frescas e laticínios. Já foi mais famosa, mas sempre é possível encontrar o pacotinho com meia dúzia. Elas têm o tamanho exato da frigideira, é só colocar o recheio e, em mais ou menos 5 minutos, está pronta a pizza de frigideira. Aqui na Itália, a piadina no geral não é feita com recheio como uma pizza e sim utilizada como substituta do pão em sanduíches. Ok, talvez a pizza de frigideira não seja propriamente uma piadina, mas eu adaptei o uso. Segue a receita da piadina, que não é a original romagnola, porque decidi substituir a banha de porco por manteiga. A massa fica mais fofinha e saborosa! É possível já adicionar o recheio no momento do cozimento, mas lembre-se: recheios que não necessitem de cozimento, como: queijo, salames, specks, presunto, azeitonas, tomate, etc.
A massa de piadina pré-cozida dura cerca de 1 semana na geladeira, é só enrolá-las com filme plástico ou colocar em um saquinho. Se você prefere a piadina mais macia utilize leite no preparo da massa, caso queira que ela fique mais crocante, utilize água.
A massa de piadina pré-cozida dura cerca de 1 semana na geladeira, é só enrolá-las com filme plástico ou colocar em um saquinho. Se você prefere a piadina mais macia utilize leite no preparo da massa, caso queira que ela fique mais crocante, utilize água.
Referências:
Meldini, Piero. Tracce di storia della piada, 2005.http://www.romagnamania.com/
http://www.riviera.rimini.it/
http://www.altacucinasociety.com/
http://www.piadinaonline.com/
http://ermes.regione.emilia-romagna.it/
http://www.italianmade.com
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Adriana Invitti
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sábado, 10 de julho de 2010
Il miglior tiramisu del mondo!

O calor esta semana não está dando trégua. "Deliciosos" 30 ou 33ºC à noite, pra não falar nos escaldantes 37ºC, ou mais, por volta das 14 horas. Um horror! Sair de casa?! Hummm... Melhor não! E se for, ande pela sombra e leve um kit desidratação. Mas o que o melhor tiramisu do mundo tem com isso???
A nova regra da casa: o forno está proibido, principalmente à noite. Maldito calor! A deliciosa idéia de muffins de pêssego foi por água abaixo. Pra compensar, saímos para jantar.
Uns pãezinhos, crostatas, um prosecco delicioso. Pizza de alice e fiori di zucca, Mare e Monti (uma mistureba de frutos do mar, salsicha, cogumelos e queijo). Delícia! Dolce?! Havia visto no cardápio um millefoglie que parecia interessantíssimo, mas quando perguntamos ao garçom as opções, nada do millefoglie, e a primeira coisa que sugeriu: tiramisu. Dúvida. Em 5 meses de Itália, ainda não havia encontrado um tiramisu realmente gostoso. Mascarpone de má qualidade. Creme seco, visivelmente envelhecido pelo tempo na geladeira. Excessivamente doce. Sem sabor de café. Um quilo de pão de ló e nada de creme. Semi-congelado, provavelmente por ser mantido no freezer. Sabor farinha. Em suma, já havia provado todo o tipo de porcaria que as pessoas insistiam em chamar de tiramisu. Tudo bem, vamos testar este, afinal, ele é a primeira opção do garçom. O mamute? Pediu um "niente con cioccolato"... brincadeirinha do garçom. Chegou o tiramisu e para minha surpresa: o melhor tiramisu do mundo! Cremoso, quantidade perfeita de pão de ló, ideal de açúcar. Uma explosão de sabor! Maravilhoso! Lógico que o mamute teve que roubar umas belas colheradas. Pena que não levei a máquina fotográfica. Não esperava encontrar tamanha surpresa no restaurante da esquina de casa. Grata surpresa! Ao menos sairei da Itália tendo provado um tiramisu de verdade...
Se estiverem passando por Roma, segue o endereço da delícia. A pizza também estava ótima e o preço é amigável. Precisamos voltar lá para provar a carne alla brace.
Braci e Abraci
Viale delle Provincie, 134/136/138
00162 - Roma (RM) - Italia
tel. 06 44244756
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Adriana Invitti
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